No evento, foram elencadas importantes propostas de políticas públicas para a população
“No cuidado com a pessoa idosa, o que realmente importa para os profissionais da saúde não é a idade, e sim o grau de vitalidade dos indivíduos”. Esta fala do Dr. Edgar Nunes – Médico Geriatra, Professor Titular da faculdade de Medicina da UFMG e chefe do serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da UFMG, deu o mote do encontro, ao fazer uma apresentação sobre o envelhecimento e o cuidado à pessoa idosa no SUS.
A plenária foi realizada no dia 10 de outubro, com o propósito de discutir as políticas de saúde voltadas à pessoa idosa, promovendo o alinhamento conceitual sobre o envelhecimento, a análise do perfil da população idosa em Minas Gerais e a construção coletiva da “Linha de Cuidados da Pessoa Idosa”. Além da formulação de propostas, a plenária também contribuiu para desconstruir a percepção de que todos os problemas de saúde relacionados à pessoa idosa são exclusivamente decorrentes da idade, ressaltando que a condição física e emocional deve ser o principal parâmetro considerado no cuidado integral.
Ao lado da presidenta do CES/MG, Lourdes Machado, e de Geraldo Heleno, Conselheiro Estadual, participaram também da mesa de abertura: Lirica Mattos, Diretora de Gestão da Impetrabilidade do Cuidado da SES; Rimena Araújo, Analista de Políticas Sociais da Superintendência do Ministério da Saúde Núcleo MG; Ilda Alexandrino, presidenta do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte; Maria do Socorro, vice-presidente do Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e Maria de Lourdes Silva, diretora social da Associação dos Aposentados e Pensionistas de São João Del Rei (Asap).
Pioneirismo do evento
Geraldo Heleno, um dos organizadores da plenária, destacou em sua apresentação a importância da iniciativa do CES/MG em realizar o evento. Ele fala também do papel fundamental da participação popular no processo de elaboração de políticas públicas. E pontua como isso reflete na população idosa: “O motivo pelo qual nós estamos aqui é uma mediação do Conselho Estadual de Saúde nesse processo de enxergar essa população crescente em Minas Gerais e no Brasil, o estimulou-nos a buscar junto com agentes da Secretaria de Estado de Saúde de MG (SES/MG), do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems) e do Ministério da Saúde, a criação de uma linha de cuidado à saúde da população que tem importância e merece ser olhada não como ‘velhos’, e sim como pessoas que contribuíram e continuam contribuindo para o desenvolvimento social”
A presidenta do CES/MG, Lourdes Machado, destacou que o papel do Conselho vai além da função fiscalizadora, assumindo também uma posição estratégica na formulação de políticas públicas alinhadas às diversas realidades sociais.
Idade x qualidade de vida
A plenária contou, ainda, com a participação do Dr. Edgar Nunes, que, em sua exposição, explicou que o grau de vitalidade da pessoa é determinado pela Classificação Clínico-Funcional, que avalia o nível de dependência da pessoa idosa. Como exemplo, citou as pessoas idosas presentes na plenária, destacando-as como exemplos de idosos robustos — aqueles que não apresentam declínio funcional. O médico afirmou: “Eu quero mostrar para vocês que o nosso objetivo não é rejuvenescer ninguém, é fazer com que as pessoas envelheçam bem. E a velhice por si só não é um problema de saúde, não é doença. As pessoas confundem velhice com doença, velhice com dependência. Isso não é verdade. Aquela pessoa que envelhece que tem algum problema, que impede que ela faça as coisas, isso não é normal da idade. Isso é um problema que tem que ser diagnosticado e tem que ser tratado com uma equipe interdisciplinar. ”
Um ponto destacado por ele também foi a necessidade de que as cidades estejam adequadas para a pessoa idosa, promovendo sua inclusão social, participação ativa na sociedade, além de oferecerem apoio comunitário e serviços de saúde.
Ações federais e estaduais
Outra palestra que contribuiu para a elaboração de propostas foi a de Francisco Norberto, Assessor Técnico da Coordenação da Saúde da Pessoa Idosa no Ministério da Saúde, que falou, de forma virtual, direto de Brasília, sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa e as ações do Ministério da Saúde para ampliar esse cuidado em todo o território. Ele conta que a finalidade dessa política é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos a partir de medidas coletivas e individuais de cuidado integral que fortalece os princípios e diretrizes do SUS. “Precisamos articular com as áreas, as coordenações e departamentos que cuidam da política relacionada a sexualidade, à violência, a questão da população de rua, população quilombola, e não só internamente, mas também com outros ministérios, como por exemplo o de Direitos Humanos e de Desenvolvimento Social, para que a gente possa ter capilaridade dessa política, para que de fato ela consiga cumprir a sua missão”, afirmou.
Representando a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, Lírica Mattos realizou uma apresentação sobre o diagnóstico e ações para a saúde da pessoa idosa no Estado. Durante sua explanação, destacou que Minas Gerais é o terceiro Estado com mais pessoas idosas no Brasil, atrás apenas do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Foram apresentados dados epidemiológicos relacionados à saúde da população idosa, destacando as principais causas de internações hospitalares no SUS e as principais causas de óbito nessa faixa etária. Lírica também abordou a política de cuidado à pessoa idosa nas esferas da atenção primária, ambulatorial, especializada e hospitalar, ressaltando a importância de respeitar a individualidade de cada pessoa e de pensar em políticas que atendam à população negra e quilombola, LGBT+, dos povos indígenas e de idosos com deficiências físicas, com o objetivo de promover a equidade no atendimento.
Os conselheiros e as conselheiras também compartilharam suas experiências sobre o envelhecimento e o processo de cuidar de pessoas idosas, além de destacarem a importância de criar políticas públicas que não apenas atendam às necessidades da população idosa, mas também ofereçam suporte adequado às pessoas responsáveis por seus cuidados.
Homenagem e participação especial
Durante a plenária, foi prestada uma homenagem à ex-conselheira Claudete Liz de Almeida que tem uma atuação marcante na luta pela saúde pública da pessoa idosa. Será elaborada uma moção de congratulações à mesma pelo trabalho dedicado.
Uma participação especial merece destaque: a presença de Eni Carajá: membro nacional do colegiado do Movimento de Reintegração dos Acometidos pela Hanseníase (Morhan), coordenador estadual do Morhan MG, conselheiro nacional da pessoa idosa, agente territorial de economia popular e solidária do Ministério do Trabalho e Emprego/Fundacentro e membro da Comissão de Atenção Primária do Conselho Nacional de Saúde.
Encaminhamentos
Como toda plenária oficial do CES, houve a elaboração de propostas para o cuidado com a população idosa de Minas e do País:
- Recomendação ao Conselho Nacional de Saúde (CNS) para a realização da 1ª Plenária Nacional de Saúde da Pessoa Idosa;
- Agendamento de reunião com participação do CES/MG, Secretaria de Saúde, diretores do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa e Conselho Nacional de Secretários de Saúde e Dr. Edgar, Médico Geriatra, Professor Titular da faculdade de Medicina da UFMG e chefe do serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da UFMG;
- Criação de Comissão Intersetorial de Saúde da Pessoa Idosa no CES/MG;
- Minuta do CES/MG com o intuito de atualizar o Plano Estadual de Saúde (PES) e Programação Anual de Saúde (PAS) no que tange aos dados referentes a esta
79 total views, 1 views today
