Uma iniciativa justa e linda

Ambulatório de Saúde do Adolescente, do Hospital Infantil João Paulo II, cria ala para atendimento de crianças e adolescentes transexuais e recebe apoio do CES-MG para estender a iniciativa ao estado

A Mesa Diretora do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG) recebeu, em reunião realizada no dia 2 de julho, a diretora Assistencial do Complexo do Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), da Rede Fhemig, Silvana Teotônio Simão; a diretora do Complexo de Urgência e Emergência do HIJPII, Luciana Cota Carvalho, e a pediatra especialista no atendimento de adolescentes do HIJPII, Tatiane Miranda; para conhecer os detalhes sobre o funcionamento do Ambulatório de Saúde do Adolescente do HIJPII, que há dois meses possui uma ala para acolher crianças e adolescentes transexuais.

Silvana Teotônio Simão esclarece que, ao oferecer atendimento multidisciplinar, o hospital preenche uma lacuna que havia no atendimento às jovens usuárias, usuaries e usuários com identidade de gênero não binária. De acordo com Tatiane Miranda, idealizadora do ambulatório, o trabalho com as/os adolescentes com doenças crônicas revelou um perfil que vai além do adoecimento e revela questões de gênero e as dificuldades de acesso por meio da atenção primária, justamente por não possuírem a classificação não binária. A médica ressaltou que a ala não é, de forma alguma, um “gueto” dentro do ambulatório, pelo contrário, é o resultado da observação de que a criança e a/o/e adolescente “tem uma resposta melhor ao trabalho, quando tratado no seu território, uma maneira de cuidar das especificidades de saúde”.

Além disso, houve uma demanda pelo atendimento, o que resultou na criação de um fluxo com a atenção primária, somando junto a rede de assistência e, segundo Tatiane, essa é a premissa do Ambulatório de Saúde do Adolescente, que oferece atendimento integral sistêmico e possui equipe formada por pediatra especialista no atendimento de adolescentes, assistente social, psicóloga/o, psiquiatra da infância e juventude, fonoaudióloga/o, pedagoga/o (que faz a avaliação junto à escola), endocrinologista. O bloqueio hormonal é uma possibilidade que segue um protocolo de avaliação e atuação junto à família.

A 1ª diretora de Comunicação do CES-MG, Fernanda Coelho, destacou a importância do serviço e que deveria ser uma proposta estendida a todo o estado. O vice-presidente, Ederson Alves da Silva, acrescentou que o Conselho se coloca como um parceiro de apoio para que a iniciativa chegue até outros espaços em uma construção coletiva.

Tatiane Miranda destacou que o ambulatório não está oferecendo apenas mais um serviço, mas um direito para quem precisa de atendimento. “Queremos dizer com isso ‘você não está sozinho’ e essa é uma iniciativa justa e linda. O que queremos é uma construção coletiva e o que percebemos que quem mais soube contribuir foram as/os/es adolescentes, que vivem essa realidade”, disse.

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