Murtinho, bairro de Congonhas, segue mobilizado para IV encontro do Movimento Atingidos por Barragens

Pessoas que moram em Murtinho e região continuam mobilizados na organização do IV Encontro do Movimento Atingidos por Barragens (MAB) na região do Alto Paraopeba, que ocorre no dia 9 de março, das 8 às 13h, no Telecentro (Rua Aparecida, 135).

A presidente do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG), Lourdes Machado, participa do evento como expositora, ao lado da assistente social e militante do MAB, Fátima Sabará; do presidente do Sindicato dos Inconfidentes, Rafael Duda; e do advogado e militante do MAB, Mário Rodrigues.

A população de Murtinho sofre com a violência, a poeira, o barulho e as doenças associados à empresa Serviços Complementares de Operações Ferroviárias (SCOF), dona do terminal de carregamento de minério já existente; e à Avante, que reúne conglomerado de empresas e está construindo um imenso terminal de carregamento de minério perto do trevo de Ouro Branco, sem diálogo com os atingidos; e à poeira gerada pelos caminhões de minério na BR 040.

Fátima Sabará informa que o trabalho do movimento em Congonhas é organizar a comunidade nas suas demandas mais urgentes. O MAB foi procurado pela comunidade do Murtinho que reside na BR 040, por causa de um porto seco que está sendo construído na região sem comunicado prévio à população, seja por parte do poder público ou das empresas.

De acordo com as famílias da região, a SCOF se comprometeu em solucionar alguns problemas gerados por ela, com prazo marcado em documento, mas não cumpriu o acordo. A expectativa do MAB é organizar para que a comunidade tenha os seus direitos respeitados e pelo menos escutados participando diretamente das discussões desses problemas. “O povo não foi consultado sobre esse porto seco, que está trazendo muita poeira para o bairro do Murtinho. A questão das carretas das mineradoras que passam e também trazem poeira, e está sucateando a 040. Se houver vitória, ela será da população. O MAB é coadjuvante e pretende ajudar para que isso aconteça mais rápido”, ressalta Fátima.

Lourdes Machado chama a atenção para os problemas de saúde que mineração e a poeira acarretam para a população e os impactos causados ao meio ambiente. “A poluição do ar pode resultar do pó gerado pela mineração, uma séria causa de doença, geralmente transtornos respiratórios nas pessoas e asfixia em plantas e árvores”, elucida.

Outra questão importante que precisa ser destacada em relação à BR 040 é a situação no trecho entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete. A presidenta do CES-MG informa que um levantamento revela que 272 acidentes ocorreram em um trecho de 54 quilômetros, no período de dezembro de 2020 ao mesmo período de 2022. Desse total, 53 pessoas morreram. Os quilômetros 588, 593, 611 e 614 foram os que registraram o maior número de acidentes, com pelo menos 10. Os acidentes com veículos de carga pesada foram responsáveis por 28 dos 53 óbitos. “Não é o momento de caçar as bruxas, mas de encontrar soluções. A gente quer é que a partir dessas conversas sejam apresentadas soluções adequadas para esse trecho”.

O quarto Encontro do MAB no Alto Paraopeba, que faz parte da jornada de luta do “14 de março – Dia Internacional dos Atingidos por Barragens” deve reunir 100 pessoas.

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