No dia 11/07 ocorreu o CISTTÃO MINAS, evento preparatório para a 5ª Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora. O encontro foi mediado pelo Vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG) e coordenador da Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora de Minas Gerais (CISTT-MG), Pedro Cunha (CNBB). Também estava presente a presidenta do CES-MG, Lourdes Machado (CRP-MG), que em seu discurso de abertura abordou os desafios de implantar o CEREST (Centros de Referência em Saúde do Trabalhador) nas cidades, e propôs que a CISTT acompanhe e avalie os instrumentos de gestão para que o Conselho tenha legitimidade para cobrar do Estado as propostas apresentadas, incluindo a implantação do CEREST.
O evento iniciou com a palestra da Dra. Andrea Silveira, atualmente professora associada da Universidade Federal de Minas Gerais e vice coordenadora do Serviço Especial em Saúde dos Trabalhadores do Hospital das Clínicas. Em sua apresentação ela destaca o aumento dos problemas relacionados ao estresse provocado por um ambiente profissional abusivo, bem como o impacto das novas tecnologias, que acabam gerando uma cobrança maior. A adesão do home office também contribui deixando essas atividades mais solitárias. Por esses fatores, foi discutido os desafios enfrentados na defesa da saúde do trabalhador, as principais causas que devem ser priorizadas e os direitos que precisam ser defendidos pelos trabalhadores. Outro ponto importante abordado pela professora é a necessidade de qualificação dos profissionais da saúde para identificar aqueles que chegam adoecidos por consequência do trabalho.
A delegação do CES-MG também acompanhou a palestra da médica sanitarista do trabalho e professora de medicina na UFMG, Elizabeth Costa Dias, que fez um retrospecto da relação do trabalho com a saúde desde os anos 80, destacando suas conquistas, como a realização da primeira Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora, e da criação da RENAST (Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador), que é um centro de referência em saúde do trabalhador. A professora também mencionou alguns desafios que surgiram ao longo dos anos, como a precarização do trabalho, principalmente devido à pejotização das empresas e ao aumento do trabalho informal. As consequências da pandemia também impactaram negativamente. Outro ponto considerado um retrocesso foi a reforma nas leis trabalhistas de 2017, que alterou mais de uma centena de itens da CLT.
Finalizando o evento, a Diretora de Vigilância em Saúde do Trabalhador e Coordenadora do CEREST Estadual, Alice Cheib, apresentou um panorama da vigilância em saúde do trabalhador em Minas Gerais, além das ações estratégicas planejadas para aprimorar essa área. Entre as medidas destacam-se o fortalecimento da vigilância em saúde dos trabalhadores, a expansão das atividades no CEREST Estadual e a fiscalização das doenças epidemiológicas e agravos relacionados ao trabalho. Também foram mencionadas iniciativas como a realização de cursos voltados para capacitação e conscientização dos trabalhadores, como o Curso de Vigilância de Ambientes e Processos de Trabalho (VAPT), em parceria com a ESP-MG, e o Curso de Vigilância em Saúde das Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA).
Alice também elencou as 10 Unidades Regionais de Saúde (URS) prioritárias para a habilitação de novos CERESTs e informa que o Ministério da Saúde já aprovou a habilitação de 7 das 10 mencionadas. Essa aprovação ocorreu após uma oficina bem sucedida com o Conselho e é uma grande conquista.
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