Outubro Rosa: Minas pode superar 5 mil casos de câncer de mama em 2016

No Brasil, dois milhões de mulheres são diagnosticadas com o câncer de mama por ano, segundo dados do Hospital Albert Einstein. Em Minas Gerais, a doença apresenta a maior taxa de incidência entre as mulheres. De acordo com estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), órgão ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 5.160 novos casos são esperados em terras mineiras durante 2016.

Ainda, segundo o mesmo instituto, a taxa de mortalidade feminina pelo câncer de mama, em 2013, é de 11,37 óbitos para cada grupo de 100 mil mulheres. Por sua vez, o câncer do colo de útero está em terceiro no que diz respeito à incidência em mulheres, em Minas Gerais. Espera-se, em 2016, 1.030 novos casos. A taxa mortalidade, em 2015, segundo o INCA, é de 3,53 para cacampanhaoutubrorosada grupo de 100 mil mulheres.

Campanha Outubro Rosa. Entendendo o cuidado com a saúde da mulher como importante eixo para a configuração de um SUS mais humanizado, inclusivo e democrático, o Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CESMG) esteve, ao longo dos anos, empenhado na campanha Outubro Rosa. A entidade atua como parceira na divulgação de informações e material informativo. “Destaco a importância dos Conselhos de Saúde num movimento que vem ganhando força a cada ano, em discutir este tema como forma de chamar atenção para os benefícios do diagnóstico precoce do câncer de mama e para a saúde da mulher. Os Conselhos devem promover espaços de discussão, produzindo, divulgando e disponibilizando materiais informativos e trazendo qualidade para o debate, tanto para os profissionais de saúde quanto para a sociedade”, ponderou Lourdes Machado (CRP-MG), 1ª Diretora de Comunicação do CESMG.

Entre as atividades exercidas para o apoio, o CESMG já ocupou a cadeira destinada ao Controle Social das madrinhas da iniciativa, aquelas que se tornam referências na divulgação e conscientização sobre a saúde da mulher. As conselheiras estaduais Claudete Liz de Almeida e Romélia Rodrigues Lima já atuaram como madrinhas e falaram sobre a campanha. “Outubro Rosa foi uma das coisas mais importantes para cuidar da saúde da mulher. Antes, morriam muitas mulheres e isso tem mudado com os investimentos nas campanhas para a conscientização”, comentou Claudete. “Em uma das iniciativas, uma cozinheira do sindicato em que trabalho fez sua primeira mamografia no caminhão do mamógrafo, aos 58 anos. Foi detectado o nódulo e feita a biópsia. Depois encaminharam a paciente ao tratamento e ela ficou curada”, contou a conselheira.

Romélia lembrou que se deve cuidar da saúde da mulher o ano inteiro. “A campanha precisa ser mais chamativa, despertar curiosidade e levar informação à sociedade. Ela é importante para conscientizar a população, mas será que apenas a existência desse mês resolve? Temos que cuidar o ano inteiro”.

Por sua vez, a coordenadora adjunta da Comissão Intersetorial da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT), Gislene Gonçalves (CUT-MG), enfatizou a necessidade de cuidado constante com a saúde da mulher. “Outubro Rosa tem uma relevância imensa para a conscientização da mulher na luta contra o câncer. Tudo no início é possível, com os exames. É necessário que a mulher faça os exames periodicamente com sua ginecologista, principalmente a mamografia”.

Esse ano, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais lançou oficialmente a campanha Outubro Rosa em 4 de outubro e ela terá duração até o dia 31. Com foco na saúde integral da mulher, visando estimular visitas regulares a médicos, alimentação balanceada e atividades físicas diárias, o tema é “E você, já descobriu que todo dia pode ser rosa?”. O conceito desenvolvido baseia-se no direito de toda cidadão à saúde humanizada, de qualidade e inclusiva. Para isso, foram produzidos materiais gráficos a serem distribuídos pelo Estado, além de ações nas redes sociais e o incentivo a entidades parceiras, regionais e municípios mineiros para a organização de atividades.

Caminhões de Mamografia. A mamografia é fundamental para o diagnóstico do câncer de mama e quanto mais cedo for detectado o câncer, maiores as chances de cura. O caminhão é uma tentativa de cobrir vazios assistenciais, levando às usuárias que têm pouco acesso a possibilidade de realização dos exames. É fundamental a existência dos caminhões de mamografia, para chegar a quem não tem acesso. É preciso atingir essas pessoas e proporcionar acolhimento integral, com exame, diagnóstico e tratamento.

Para ter acesso à mamografia pelo SUS, mulheres na faixa etária entre 40 e 49 anos devem procurar uma Unidade Básica de Saúde e solicitar uma consulta médica, a partir da qual será avaliada necessidade de novo exame.

Para mulheres entre 50 e 69 anos, basta solicitar a requisição de mamografia e agendar o exame pelo SUS. Confira a rota do Caminhão Mamógrafo, em Minas Gerais, durante outubro.

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Arte: Maycon Portugal

Ainda sobre mamografias, o Ministério da Saúde divulgou dados relevantes a respeito do assunto, como quantidade de exames produzidos pelo SUS, tratamento e investimento:

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Coletivo BIL em defesa do Outubro Rosa.
A conselheira estadual Bella Ramalho, representante do Coletivo BIL na instituição, encaminhou o depoimento a seguir. Neste mês de outubro, em que a sociedade se debruça sobre o outubro rosa, o Coletivo BIL não se furta ao debate, lançando outro olhar a esta questão. O autoexame é necessário, a mamografia periódica é fundamental. Todavia, de forma geral, mulheres bissexuais, lésbicas e homens trans (a pessoa trans é aquela que não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer) buscam menos o acolhimento médico. É comum vítimas da bifobia, lesbofobia e da transfobia institucional, que alcança atendimentos médicos e de saúde, se afastarem do cuidado com o próprio corpo. A nossa luta é para que essas violências não se sobreponham ao nosso direito à saúde e à vida.Ainda sobre mamografias, o Ministério da Saúde divulgou dados relevantes a respeito do assunto, como quantidade de exames produzidos pelo SUS, tratamento e investimento:

coletivobilcoletivobilPessoas que nascem com uma vagina e fogem da norma cis heterossexual têm vulnerabilidades que não são consideradas na maioria das campanhas, então é papel do movimento social provocar e cobrar. Outro contraponto que fazemos é lembrar que ao falar sobre a prevenção ao câncer de mama se pensa apenas nas mulheres cis (que se identificam com o gênero que lhes foi atribuído ao nascer) heterossexuais. Então a gente dialoga e explica que, desta forma, esquece-se que homens cis também podem ter câncer de mama. Olvida-se que mulheres trans (de todas as orientações sexuais) também podem ter câncer de mama. Em casos como estes vale perguntar: como é esse tratamento se ela tiver uma prótese de silicone? Será que é uma acolhida igual à da mulher cis com silicone nos seios? Profissionais da saúde estão preparadas para este acolhimento?

Esta é a nossa luta. Colocamos a questão no J. BILT, um projeto de webjornal LGBT com post em redes sociais, divulgamos algumas mensagens com um vídeo inspirador de uma militante bissexual mineira radicada na Bahia, Sandra Muñoz, que está em tratamento contra o câncer de mama. Enfim, seguimos pelo direito à saúde integral LGBT. E contra a PEC do fim do mundo que tornará inviáveis todos os esforços neste sentido. Fazendo a nossa parte. Lembrando que a luta contra o câncer de mama e pela saúde integral LGBT não é só em outubro, mas a cada dia de cada mês”.

 Breve histórico do Outubro Rosa

Outubro_Rosa_GA partir da década de 70, com a organização de movimentos, grupos e entidades de mulheres que adquiriram expressão internacional, a saúde da mulher e a prevenção e detecção ao câncer de mama ganharam relevância. O debate sobre o tema, impulsionado pelo diagnóstico e realização da mastectomia pela então primeira-dama dos Estados Unidos, Betty Ford, em 1974, atingiu novas proporções quando o governo estadunidense, em 1985, aprovou outubro como mês de conscientização sobre o câncer de mama.

Na década de 90, o laço rosa se tornou o símbolo da causa após a chamada “Corrida pela Cura”, em Nova York. Desde então, monumentos históricos ao redor do mundo são iluminados com a cor. No Brasil, a primeira ação nesse sentido ocorreu em 2002, em São Paulo, com a iluminação do Obelisco, monumento próximo ao Parque do Ibirapuera.

Matéria: Gabriel Moraes

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