Em todo o mundo, novembro é considerado o mês azul, porque reúne o dia do Enfrentamento do Câncer de Próstata (dia 17) e o Dia do Homem (dia 19), ambos voltados ao cuidado e à prevenção da saúde masculina.
Em 2009, o Ministério da Saúde implantou uma portaria que regulamenta a Política Nacional de Saúde Integral do Homem. Um dos objetivos dessa política é assegurar não só os cuidados mas também a qualificação dos profissionais de saúde específicos da saúde masculina.
Aqui em Minas, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-MG), usou a campanha “Homem que se cuida também cuida da saúde” (http://www.saude.mg.gov.br/saudedohomem) para estimular os homens a praticar hábitos saudáveis, além do cuidado com a própria saúde. No Brasil, o homem vive em média sete anos a menos que a mulher, sendo mais propenso a doenças cardiovasculares, respiratórias, digestivas, colesterol, obesidade, pressão alta e obesidade.
Entenda mais sobre o câncer de próstata:
O câncer de próstata é uma das doenças mais comuns dos homens, mas sua prevenção e os exames para diagnóstico continuam sendo considerados ainda tabus pela sociedade. Somente neste ano, o Brasil deve registrar 61.200 casos de acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA). Ainda de acordo com o INCA, a incidência da doença é de 15%, perdendo apenas para o câncer de pulmão (16,7%). O câncer é desenvolvido a partir das células da glândula localizada na próstata, que produzem o líquido prostático adicionado ao sêmen. O câncer que começa nas células é chamado de adenocarcinoma.
A doença incide principalmente em homens mais velhos, a partir dos 65 anos. Se diagnosticado no início e tratado corretamente, pode ser evitada a morte em até 90% dos casos. Os sintomas mais comuns são fluxo urinário fraco ou nulo; impotência; vontade frequente de urinar/urina com sangue; e fraqueza ou dormência nos pés.
Para o conselheiro e médico José do Carmo Fonseca, existe um mito de que o exame urológico causa constrangimentos. “O homem por natureza é negligente com a própria saúde. E isso inclui vacinas universais, além da própria atividade física, diferentemente da mulher, que é mais atenta na questão. Ao abordar a questão do câncer de próstata, o médico esclarece que o homem trabalhador ainda é assistido com os exames periódicos. Mas ainda faltam políticas de prevenção. Uma forma de evitar o câncer são os hábitos saudáveis, e consequentemente, seu incentivo. Antes, nem o Ministério da Saúde se preocupava com isso”, explica José do Carmo.
Relato de quem superou a doença
“Realizava o exame do PSA anualmente. Depois de sete anos, mesmo com o resultado normal deste exame, fiz o exame do toque com um urologista, que detectou um pequeno nódulo e pediu uma biópsia para esclarecer o diagnóstico. Foi detectado um tumor maligno e recomendada a Prostatectomia Radical, que é a retirada total da próstata. Como a cirurgia foi realizada quando a doença estava em seu estágio bem inicial, a chance de cura foi de praticamente 100%. Passados outros sete anos, os exames de rotina estão normais e eu estou assintomático. A cirurgia foi realizada por vídeo e não foi necessário nenhum tratamento pós-operatório. Os efeitos colaterais foram mínimos. Nem preciso de nenhuma medicação diferenciada após a cirurgia. Hoje levo uma vida normal”. (Rubens Silvério, conselheiro estadual de saúde, 65 anos)
A importância da prevenção
Adriana Queiroz, funcionária do Conselho Estadual de Saúde, conta que seu pai foi diagnosticado com o câncer de próstata aos 60 anos e conviveu com a doença por quase 10 anos. “Foi difícil descobrir porque ele nunca havia feito um exame de prevenção”, relembra. Segundo Adriana, o senhor Divino começou a sentir dores no joelho e, mesmo assim, nada foi diagnosticado, o que só veio após o exame de sangue – quando seu corpo já apresentava manchas roxas. “A partir de então, começaram os tratamentos necessários, como a quimioterapia e a radioterapia. Por causa da quimioterapia, meu pai vomitava frequentemente. Como o câncer afetou a uretra, ele não conseguia urinar. Na medida em que os rins foram afetados, tivemos que aplicar a hemodiálise”, lembra. No fim da vida, seu Divino entrou em coma induzido e não resistiu depois de 30 dias. Mesmo tendo uma vida saudável, sem beber ou fumar, a falta de prevenção fez toda a diferença. Adriana ainda relata que sua irmã teve um câncer no seio. Dados apontam que somente 10% dos casos de câncer são hereditários.
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Além dos cânceres citados, que são graves e de importância na saúde pública, deve-se lembrar de outras situações de morbimortalidade entre os homens, como as causas de violência, o suicídio e as doenças crônicas, como obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Assim, que o mês de sensibilização para a Saúde do Homem deve ir além dos cânceres e voltar seu olhar para a integralidade do cuidado e a qualidade de vida.