DIA DA VISIBILIDADE BISSEXUAL

O dia 23 de setembro é considerado o dia da visibilidade bissexual (que é a orientação sexual das pessoas que se relacionam com pessoas de mais de um gênero). A trajetória do movimento brasileiro começou nos anos 2000, e vem se fortalecendo junto ao movimento LGBT. A sexualidade das mulheres é negada pela sociedade, para a qual qualquer outro posicionamento não heterossexual é desconsiderado, ou no caso das mulheres bissexuais considerado promiscuidade historicamente.

No Conselho Estadual de Saúde a vaga de usuárias e usuários LGBT é ocupada pela militante bissexual Fernanda Coelho do Coletivo BIL, coletivo que é referência na temática das saúdes das mulheres bissexuais. A criação do Coletivo BIL (Coletivo de Mulheres Bissexuais e Lésbicas) ocorreu em junho de 2013, quando se tornou o primeiro movimento de “lésbicas e mulheres bissexuais” que efetivamente abordava a pauta bissexual de forma não subalternizada.

Por suas especificidades o movimento bissexual tem sua própria bandeira, que foi representada na logomarca da 1a Conferência Estadual de Saúde das Mulheres de MG a partir da luta e empenho da então conselheira estadual de saúde e militante lésbica do Coletivo BIL Bella Ramalho. A bandeira bissexual é composta por três cores: rosa (que significa a atração por pessoas do mesmo gênero), azul (que significa a atração por pessoas de gêneros distintos) e a junção das duas: lilás (que significa a atração sexual a outros gêneros).

A bissexualidade ao contrário do que diz o senso comum não é uma fase de experimentação da sexualidade, pessoas que sentem atração por mais de um gênero são pessoas bissexuais. A invisibilidade e os estereótipos negativos associados à comunidade bissexual refletem diretamente na saúde, como consequência, essas pessoas podem acabar evitando exames por medo ou vergonha, tendo uma tendência a enfrentar maiores disparidades também de saúde mental.

De acordo com a revista científica “Journal of Public Health”, mulheres bissexuais sofrem mais problemas de saúde mental do que as lésbicas, e estas tem uma saúde mental pior que as heterossexuais. Em relação às mulheres lésbicas, as bissexuais têm 64% mais chance de enfrentar distúrbio alimentar, probabilidade 37% maior de sofrer com automutilação e estão 26% mais propensas a sofrer com quadros de depressão. Pesquisa brasileira já constatou que são bissexuais adolescentes que mais estão propensas e propensos ao suicídio. Sendo necessárias políticas de saúde que considerem as especificidades em Saúde das pessoas bissexuais para prevenção e modificação destes dados.

A saúde da mulher bi é diferente dos homens. Por exemplo, a doação de sangue para homens que se relacionam com homens é inapta. Enquanto não há tal restrição para mulheres, desde que não tenham feito sexo com homens bissexuais nos últimos 12 meses (vedação que abarca mulheres de todas as orientações sexuais).

Assim, o dia 23 de setembro vem para visibilizar a comunidade bissexual, bem como a necessidade do exercício coletivo de conscientização contra a bifobia nas práticas cotidianas, e nas políticas públicas, em especial nas políticas de saúde.

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