Para secretário, condução geral da crise no estado, até o momento, é razoável

Em reunião com a Mesa Diretora, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, faz um balanço das ações de combate ao novo coronavírus em Minas e apresenta próximos passos da gestão

A Mesa Diretora do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG) recebeu, no dia 23 de julho, em reunião realizada por meio de videoconferência, o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral. Na pauta, estava apresentação do panorama de enfrentamento da Covid-19, abordando questões como a disponibilidade dos leitos nas macrorregiões de saúde do estado, Hospital de Campanha, testagem da população, Equipamentos de Proteção Individual (EPI), isolamento social e Plano Minas Consciente para que o Conselho conheça os detalhes do momento no acompanhamento da gestão da crise sanitária provocada pelo novo coronavírus pelo governo estadual. Somada às plenárias regionais que estão sendo realizadas pelo CES-MG com conselhos de Saúde das 14 macrorregiões mineiras, a reunião com o secretário faz parte do processo de diálogo e atuação do controle social neste momento excepcional vivido pelo mundo.

Além de Carlos Eduardo Amaral, a reunião contou com as presenças da assessora de Parcerias em Saúde, Cláudia Hermínia de Lima e Silva; do subsecretário de Gestão Regional, Darlan Venâncio Thomáz; do subsecretário de Políticas e Ações de Saúde, Marcílio Dias Magalhães; da subsecretária de Regulação do Acesso a Serviços e Insumos de Saúde, Juliana Ávila Teixeira; da superintendente de Vigilância Epidemiológica, Jordana Costa Lima e; da superintendente de Regulação, Daniela de Cássia Domingues, representantes da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). O presidente do Conselho de Secretaria Municipais de Saúde de Minas Gerais (COSEMS-MG), Eduardo Luiz da Silva, também participou do encontro.

Para o vice-presidente do Conselho, Ederson Alves, o momento foi importante para que as demandas e impressões resultantes das primeiras plenárias regionais sejam dialogadas com toda a equipe de gestão da SES-MG.

Abaixo, seguem as respostas aos principais questionamentos feitos pelas membras e membros da Mesa Diretora do CES-MG.

Minas Consciente

“A epidemia é séria, não é brincadeira e temos que tomar cuidado com cada passo dado”, ressalta Carlos Eduardo Amaral. De acordo com o secretário, o Plano Minas Consciente apresenta a visão de isolamento coordenado. Entretanto, ele está sendo revisado por causa de decisões judiciais e, efetivamente, todos os municípios terão que aderir ao plano. “Precisamos ter uma lógica adequada que envolva os 853 municípios e microrregiões e fizemos uma consulta pública para reforçar a necessidade de um protocolo sanitário, separando municípios de maior dos de menor porte”. A revisão deve ser deliberada pelo Comitê de Operações de Emergência em Saúde da Covid-19 (COES-MG) até quarta-feira (29/07)

Para o presidente do COSEMS-MG, Eduardo Luiz da Silva, o grande problema vivenciado por Minas Gerais é exatamente o trabalho ativo por meio de planos macrorregionais para expandir leitos de UTI e clínicos, capacitação de profissionais, dar suficiência de insumos para os kits de intubação, que estão em falta no país, regidos por um mercado desregulado. Por isso, está organizando, juntamente com a SES-MG e o Ministério Público, uma rede solidária de insumos para que unidades de saúde que tenham insumos disponibilizem parte deles para aquelas que não tem, até que o estoque seja regularizado.

O secretário de Estado de Saúde ressaltou em sua fala que Minas Gerais é o segundo estado com a menor mortalidade proporcional por 100 mil habitantes, dado importante que, segundo ele, revelam que as medidas tomadas têm refletido uma mortalidade proporcional menor e que condução geral da crise até o momento pode ser considerada razoável. Carlos Eduardo Amaral destacou que desde o momento em que epidemia se concentrava em outros países, a equipe de Vigilância Epidemiológica da SES-MG já traçava perspectivas de acompanhamento, estruturação e avaliação da rede SUS-MG. Em 20 de fevereiro, foi instituído o COES-MG – um dos primeiros do Brasil – e o Plano de Contingenciamento, uma estratégia descentralizada atuante nas macrorregiões, estruturado para aproveitar a estrutura hospitalar já existente, como as enfermarias ociosas em hospitais de pequeno porte, sem o foco na criação de novas estruturas como hospitais de campanha, que, de acordo com o secretário, deixam legados muito pequenos, visto que são feitos para serem desmobilizados.

Leitos hospitalares

Em hospitais de pequeno porte, a capacidade de ocupação média de leitos era de 30% e com isso, o estado contou com a possibilidade de utilizar 70% de leitos prontos, deixando a demanda mais urgente para os leitos de terapia intensiva. Carlos Eduardo Amaral explicou que a expectativa de expansão era de 1.500 a 1.600 leitos a mais do que os 2.072 já existentes. A ampliação já gira em torno de 1.530 leitos, permanecendo dentro da meta. Ele ressalta que com esse incremento e a adoção de orientações de isolamento e a adesão da sociedade foi possível evitar um pico. Afirma ainda que foi um crescimento lento, o que é inevitável, porque o vírus acaba circulando e a redução da epidemia só ocorre com mecanismos de barreira na transmissão, ou seja, com a vacina ou a imunidade de rebanho. “Alguns países como Itália e estados brasileiros como o Amazonas tiveram um decréscimo da epidemia quanto atingiram entre 0, 7 e 0, 4% de casos contaminados e em Minas estamos encaminhando para esses níveis, o que corrobora para a tendência de estabilização e, possivelmente, uma regressão”, sublinha.

Outro fator importante é a extensão geográfica de Minas Gerais. “Devido ao tamanho do estado, comparado ao de muitos países, temos momentos diversos em cada macrorregião e não é possível afirmar que todas elas estão no mesmo momento. A tendência estadual é de decréscimo e não de explosão de casos. Falar que os casos vão acabar não é possível, vamos conviver com essa epidemia pelo menos até o inverno do ano que vem, então, isso faz com que tenhamos que ter uma postura de equilíbrio para viver situações de isolamento e outras de flexibilização”, ressaltou Amaral.

Vale do Aço

Sobre a evolução de mortes e casos confirmados de covid-19 e diminuição do isolamento social no Vale do Aço, abordado pela 1ª Diretora de Comunicação e Informação do SUS na Mesa Diretora do CES-MG, Fernanda Coelho, o secretário explicou que no final de maio foram identificadas regiões com maior número de casos e curvas que mostravam uma explosão, causando uma desassistência real, mesmo que em nenhuma tenha tido uma taxa de ocupação que ultrapassasse 100%. Por isso, a SES-MG manteve o diálogo com os municípios, por meio de videoconferência, tendo o Vale do Aço como ponto de partida. “Identificamos que cada uma (macrorregião) tinha uma projeção em relação a epidemia e, em municípios que flexibilizaram muito, orientamos a reconsiderar, de acordo com a característica de cada região, o que fez com que a situação fosse sendo controlada”.

O pico da curva alcançado em 2 de julho, pode aumentar com a confirmação de novos casos, mas de acordo com o secretário, a data marca o que parece ter sido o início de um platô com a tendência de reversão. “A situação não está tranquila simplesmente porque estamos no topo da curva. O sinal é de que ela possivelmente vá cair, é difícil falar, mas em 10 dias pode ser que vejamos uma queda que vai sinalizar uma imunidade de rebanho” e defende que “a visão da SES-MG é a de ver o futuro, estar sempre um passo à frente, porque para as medidas tomadas em um prazo de tempo mais curto, é necessário entre 14 ou 20 dias para ver o resultado”

Hospital de Campanha

Em resposta à 2ª Diretora de Comunicação e Informação do SUS da Mesa Diretora do CES-MG, Marília Oliveira, Amaral explicou que o Hospital de Campanha foi programado para ser uma unidade de emergência na fase 5 do Plano de Contingenciamento, caso houvesse uma situação de descontrole total da epidemia, com desistência ampla e foi planejado no início da crise. Carlos Eduardo Amaral explica que foram ativados o número mínimo de leitos, sem a necessidade de acelerar e ativar todos os leitos. “Estamos mais para desativá-los do que para ativá-los”, enfatizou.

Galba Velloso

Em resposta ao questionamento do 1º secretário da Mesa Diretora do CES-MG, Renato Barros sobre a situação do Hospital Galba Velloso como unidade de retaguarda com leitos clínicos para Covid-19, o secretário informou que o hospital está em reforma e a empresa responsável pelo processo que inclui a adaptação de energia elétrica, fiação e gases, estimou a entrega da obra até 15 de agosto. Serão 200 leitos clínicos que farão a retaguarda para covid-19, tornando, provavelmente, o hospital de campanha desnecessário.

Samu Noroeste

Sobre a situação da macrorregião Noroeste, levantada pelo 3º secretário da Mesa Diretora do CES-MG, Carlos Eduardo Amaral relatou que os esforços da SES foram direcionados para o combate à covid -19 e que só agora foi possível autorizar a retomada de todas as políticas públicas que foram interrompidas, que envolve revisão de políticas hospitalares e a estruturação dos Samu. O Samu Noroeste, provavelmente, será um dos projetos retomados mais rapidamente, além do Leste do Sul, Leste e Vale do Aço.

Ainda em relação à região Noroeste o secretário acrescenta: “sabemos que há uma desistência antiga e histórica na região e, nesse momento, buscamos ampliar de leitos” e citou Hospital de Campanha de Patos de Minas, HRAD, São Gotardo, Presidente João Pinheiro, Unaí, Paracatu aumentando a assistência na região, com queda de ocupação severa.

Testagem para covid-19

A secretária-geral da Mesa Diretora do CES-MG, Lourdes Machado, questionou o secretário sobre o aumento da testagem para a Covid-19 no estado. Segundo ele, há um desabastecimento mundial de todos os insumos, gerando dificuldades para a testagem ampla. O processo exige, além do kit PCR uma série de insumos da cadeia de produção para realização dos testes distribuídos pelo Ministério da Saúde.  A SES-MG efetuou uma compra reguladora de R$150 mil, mas, entretanto, foram adquiridos apenas 40 mil em kits extração, responsáveis pelo maior desabastecimento nacional. O Ministério da Saúde enviou 20 mil kits de extração, mas “esse ainda é o maior gargalo nesse momento e estamos em mais um processo de compra para adquiri-lo”, informa Carlos Eduardo Amaral. E acrescenta: “Enquanto não tivermos todos os insumos para fazer o teste, não é prudente ampliar a testagem sob risco de ter um desabastecimento completo para casos graves e confirmação de óbitos por covid-19. Estamos com vários laboratórios descentralizados e com a chegada de todos os insumos é possível chegar a 4.500 testes e, nesse momento, a ampliação da testagem pode trazer benefícios como o rastreamento de contatos. O nosso planejamento de compras está em torno de 600 mil exames”, defendeu.

Encaminhamento O plenário do CES-MG deliberou que a aposta do secretário Estadual de Saúde em uma imunidade de rebanho seja debatida na próxima reunião ordinária do Conselho, assim como as novas condutas de abordagem da Covid-19 no cenário atual em Minas. Como a imunidade de rebanho é um tema que ainda gera dúvidas e incertezas, a reunião contará com as presenças de infectologistas  e será realizada na próxima segunda-feira, 3 de agosto.

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