100% digital neste ano, a mobilização destaca as reivindicações e melhorias na Nefrologia; o conselheiro estadual de Saúde Elvis Prado lembra que tratamentos de hemodiálise prestados por meio do SUS atendem, em sua maioria, pessoas de baixa renda
A campanha de valorização #adialisenaopodeparar será realizada pelo terceiro ano consecutivo no dia “D da Diálise”, marcado para acontecer em 27 de agosto. O objetivo é alertar a sociedade para a necessidade de investimentos na diálise e transplante. Neste ano, devido à pandemia da covid-19, a campanha será 100% digital, em atividades realizadas nos sites e redes sociais de entidades envolvidas com a luta por reivindicações e melhorias para a Nefrologia, e organizadas pela Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), mobilizando, também, usuárias e usuários de todo o país.
Em 2020, o mote da campanha é “Vidas importam! A diálise não pode parar” e tem entre as reivindicações a adequada remuneração das clínicas que prestam serviços para o Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo tratamento de qualidade e acesso para pacientes renais crônicos. O conselheiro estadual de Saúde Elvis Prado, representante de usuárias e usuários pela Transvida-MG, ressalta que estamos diante de uma realidade singular, pois o rim é o único órgão dos corpo humano que tem uma terapia substitutiva que oferece uma segunda chance para pacientes renais crônicos.
Elvis explica que a campanha “Vidas importam” é tão relevante justamente pelas possibilidades que o tratamento oferece. “Se a ciência evoluiu ao ponto de desenvolver tanto a diálise, como a hemodiálise, por que deveríamos privar pacientes renais da extensão de suas vidas?”, argumenta. O conselheiro explica ainda que pessoas de baixa renda são maioria nos centros de hemodiálise, devido às condições de subsistência em que jamais poderiam arcar com um tratamento dessa grandeza. “A campanha vem para chamar a atenção para o contexto, que pede a defesa e luta por uma saúde pública digna e abrangente para todas e todos sem exceção e discriminação. Se vidas importam, porque não tratar? ”, defende.
É importante ressaltar que a insuficiência renal crônica pode ser causada por diversos fatores, como diabetes, hipertensão, doença renal policística, uso de alguns medicamentos e agentes tóxicos, como drogas, dentre outros fatores. As sessões de hemodiálise atuam enquanto usuárias e usuários esperam pelo transplante, e é um tratamento substitutivo.
Descaso histórico
De acordo com a ABCDT, a falta de repasses do valor das sessões de hemodiálise é realidade para dezenas de clínicas de diálise que prestam serviço ao SUS, oferecendo tratamento de terapia renal substitutiva para filtrar artificialmente o sangue. O atraso no repasse do pagamento da Terapia Renal Substitutiva (TRS) pelas Secretarias de Saúde estaduais e municipais aos prestadores de serviço ao SUS está entre os problemas recorrentes na Nefrologia. Muitos gestores chegam a atrasar em mais de 30 dias o repasse após a liberação do recurso pelo Ministério da Saúde.
Outra questão está relacionada ao valor pago pelo Ministério da Saúde para o tratamento, que está abaixo do custo real e não acompanha a cotação do mercado. Grande parte dos insumos, como produtos e maquinários são importados, além de gastos com dissídios trabalhistas, folha de pagamento, água, energia e impostos. Com todas essas despesas e a grave diferença de valor, a Associação afirma que muitas clínicas ameaçam encerrar suas atividades pela falta de recursos para compra de insumos para o atendimento aos pacientes.
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