Estiveram presentes cerca de 60 pessoas para acompanhar a reunião, que foi a última ampliada do ano e debater o tema pelo viés da pandemia da covid-19
A última reunião ampliada do ano da Comissão
Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT) do Conselho
Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG) foi realizada na tarde da última
terça-feira (19). A reunião contou com a participação de cerca de 60 pessoas e
teve como temas centrais o trabalho e saúde na atualidade e os desafios
pós-pandemia; e o balanço de atividades na saúde da trabalhadora e trabalhador
no decorrer de 2020.
O debate foi mediado
pelo vice-presidente do CES-MG, Ederson Alves da Silva e contou a participação
de palestrantes que são referência em saúde da trabalhadora e do trabalhador no
Brasil. A professora da Universidade Federal do Acre, Luci Praun, apresentou um panorama
sobre os desafios e dificuldades do novo cenário do mercado de trabalho remoto,
que exige administrar o tempo dedicado à vida privada e às atividades
profissionais.
Karla Baeta, servidora da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
ex-coordenadora de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora do Ministério da
Saúde, acrescentou o detalhamento do perfil da população, trabalho e emprego no
Brasil, destacando as altas taxas de desocupação e informalidade. De acordo com
Karla, é importante entender quem são as trabalhadoras e os trabalhadores no
país, por posição na ocupação e categoria de emprego.
A pandemia, de acordo com dados de setembro da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) apresentados por Baeta, afastou 2,7 milhões de trabalhadoras e trabalhadores por conta do distanciamento social; 7,9 milhões em trabalho remoto; 15,3 milhões não procuraram trabalho devido à pandemia ou a falta de trabalho local; 43,6% dos domicílios recebem auxílio emergêncial;15,2 milhões de pessoas ocupadas e não afastadas receberam menos do que o habitual; e 19,7 milhões de pessoas ocupadas tiveram o rendimento efetivamente menor do que o normalmente recebido. O resultado na prática do afastamento do trabalho fez com que a renda de muitas famílias diminuísse drasticamente, mostrando que é necessário priorizar as questões econômicas do trabalho no pós-pandemia, lembrando que elas podem trazer problemas de saúde.
O sindicalista, secretário de Educação da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria (CNTI) e diretor de Estudo e Pesquisa do Observatório Sindical Brasileiro Clodesmidt Riani (OSBCR), José Reginaldo Inácio, falou sobre as mudanças causadas pela pandemia no contexto das negociações coletivas, no primeiro semestre de 2020 e informou que 55% das 7.398 cláusulas negociadas têm relação com a covid-19, e que as principais áreas cobertas por essas cláusulas nos munícipios brasileiros são a metalurgia com 17% e comércio atacadista e varejista com 13%.
Para o coordenador da
Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (CISTT)
Nacional, Geordeci Menezes, o
governo federal precisa estar mais atento ao SUS e as trabalhadoras e
trabalhadores, não só com a liberação de verbas para o SUS, mas também
reconhecendo a gravidade da pandemia para o país, ressaltando que o teletrabalho
pode trazer também malefícios para as pessoas.
Balanço
A coordenadora de Saúde
do Trabalhador da Secretária de Estado de Saúde (SES-MG), Eleonora Morad, apresentou
as ações de atuação da coordenação em situações de emergência em saúde pública,
como é o caso do enfrentamento à pandemia da covid-9.
O coordenador da CISTT-MG, Antônio Pádua Aguiar, reafirmou o compromisso da
comissão para o ano de 2021, de adaptar e colocar em prática as atividades
preparadas para 2020 que foram adiadas por conta da pandemia do coronavírus. Ressaltou
ainda a importância das reuniões ampliadas, principalmente para os conselhos
municipais de Saúde (CMS), uma prática que será reforçada no próximo ano.
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