Com a chegada do Dia Internacional da Mulher, questões como a necessária afirmação da mulher em todos os espaços de poder se tornam mais enfatizadas. Conquistas importantes como o voto, a inclusão no mercado de trabalho são essenciais na construção dessa trajetória – ainda em andamento quando se trata de emancipação feminina . Porém, dados como o aumento da violência contra mulheres negras, homossexuais e transexuais e outras minorias enfatiza também o quanto ainda há para ser alcançado.
O Dia Internacional da Mulher surgiu ainda no início do século passado, com a inclusão da mulher no mercado de trabalho em decorrência da Primeira Guerra Mundial. Porém, somente com o movimento feminista nos anos 1960 que a data foi, de fato, enfatizada no Ocidente, sendo adotada pela ONU em 1977. Mesmo com o atravessar do tempo, as mulheres seguem vítimas do machismo e do assédio, que são praticados nas mais variadas formas.
No mercado de trabalho, por exemplo, elas ainda ganham o equivalente a 77% do que ganharia um homem. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 2016 realizou um estudo onde foi apontado que a igualdade salarial entre homens e mulheres demorará setenta anos para ser alcançada. O estudo ainda revelou que, entre 1995 e 2015, a desigualdade salarial entre gêneros diminuiu apenas 0,6%.
Com a onda de conservadorismo em ascensão em todo o mundo, é crucial a atenção aos direitos e conquistas femininas. Tanto no Brasil como no mundo, fatores como crise econômica e a inviabilidade atual de políticas neoliberais (capitalismo) trazem o sentimento de revolta à tona, dando espaço para discursos mais enfáticos e menos esclarecedores. “A falta de informação enfraquece a mente”, como cita MC Carol na música “100% feminista”.
Diante do momento econômico vivido pelo Brasil, o Governo Federal apresenta a Reforma da Previdência como alternativa para reestabilizar a economia brasileira. Atualmente em estágio de aprovação na Câmara, a reforma prevê a igualdade de idade de aposentadoria para homens e mulheres: 65 anos. Devido ao fato dos brasileiros estarem vivendo mais, o Brasil tem uma população crescente de idosos, enquanto a população de jovens, que contribuem para manter a Previdência, está cada vez menor. Em 1997, os gastos com a Previdência eram de 0,3% do PIB. Em 1997, os gastos com a Previdência eram de 0,3% do PIB. Para este ano, os gastos já estão projetados para 2,7 %.
Por outro lado, a organização não governamental “Auditoria Cidadã da Dívida” apontou que, entre 2013 e 2015, as despesas com a Previdência Social brasileira caíram de forma proporcional se comparadas com as despesas com saúde e educação pública. O estudo ainda citou que, só em 2015, a União Federal repassou para a Previdência 47% do seu orçamento. Na prática, isso equivale a um total de 13 vezes a mais que o montante gasto com a saúde no mesmo período. Ainda no mesmo ano, de acordo com o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais (SINDFISCO) o Governo Federal arrecadou R$ 700 bilhões de reais para a Seguridade Social, enquanto foram gastos R$ 688 bilhões. Vale lembrar que a Previdência não é sustentada somente pelas contribuições de trabalhadores e empregadores, mas sim pelos tributos inclusos nos produtos e serviços contratados pelos consumidores.
No entanto, a rotina de homens e mulheres é muito diferente. Apesar de fisicamente ter menos força que o homem, a mulher possui jornada dupla com filhos e afazeres domésticos. Enquanto o homem gasta 1,5 horas com as tarefas domésticas em média por dia, a mulher gasta 3, 8 horas. Em uma semana, isso resulta em 10, 5 horas para homens e 26,6 horas para mulheres. Esses dados pioram quando comparamos as horas de jornada para mulheres mais pobres. O índice é alterado para 4 horas e 32 minutos para mulheres/dia e 1 hora e 45 minutos para homens/dia.
Em Belo Horizonte, assim como em outras capitais brasileiras, este “8 de março” será marcado pela luta por reafirmação de direitos e conquistas. Será realizada na Praça da Liberdade, região central da cidade, um ato contra as reformas, tanto trabalhista quanto previdenciária, neste dia, a partir das 15h30. É um momento de críticas às iniciativas do atual governo federal que ameaçam as políticas públicas e os direitos sociais (como a aposentadoria).
Por Camila Marques – Comunicação CESMG
861 total views, 1 views today