CES-MG debate com Vale do Aço a implantação de Colegiado de Conselhos de Saúde e falta de leitos de UTI para a Covid-19

A primeira plenária regional promovida pelo CES-MG reuniu conselhos e secretarias de saúde para dialogar e articular ações de controle social para o Vale do Aço; e apresentou a situação epidemiológica dos municípios da região

O Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG) dialogou com conselhos municipais de Saúde a implantação de um colegiado de conselhos de saúde do Vale do Aço, região do estado que já apresenta 100% de ocupação de leitos de UTI, resultado do crescimento do número de casos de Covid-19 no interior. O vice-presidente do Conselho, Ederson Alves da Silva, explica que os colegiados regionais já estavam previstos por meio de plenárias e que “a crise em relação aos leitos e a flexibilização do isolamento levaram à aceleração do processo”. O Vale do Aço lidera o cenário de estrangulamento dos serviços de saúde, junto com as regiões Noroeste, Nordeste, Leste e Triangulo Norte. O colegiado é formado por representantes da sociedade civil, presentes nos conselhos com usuárias/os, trabalhadoras/es, gestão e prestadoras/es da saúde e tem a função de aproximar, articular, manter o diálogo e atuar como um elo entre o CES-MG, conselhos municipais e a gestão da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

A conselheira estadual de Saúde, representante do segmento de usuárias e usuários, e moradora de Ipatinga, Fernanda Coelho, ressaltou que, apesar de não ser um contexto favorável, esse canal de escuta e diálogo direto com os conselhos de saúde será fundamental como uma forma de articulação que certamente irá ajudar na atuação do controle social.

O infectologista Márcio Castro fez uma apresentação da situação epidemiológica do Vale do Aço, destacando que hoje Ipatinga, Santana do Paraíso e Coronel Fabriciano são os epicentros da Covid-19 na região e possuem a maior taxa de incidência e infecção, com o consequente aumento de demanda por leitos de UTI, cuja falta já começa a ser sentida com o aumento no número de óbitos. Segundo ele, a flexibilização do isolamento social aumentou a demanda de pelos leitos de UTI na macrorregião, levando à explosão de casos entre 15 de maio e 15 de junho. O especialista destaca que é preciso ter em mente que existe a escassez de leitos e “os hospitais de campanha ainda não estão funcionando e quando chegarem terão leitos de baixa complexidade, apesar de que a maior necessidade seja por leitos de retaguarda de UTI”, alerta.

Sobre o isolamento, Castro enfatizou que os municípios precisam conscientizar a população se quiserem alongar a curva de contágio, ressaltando durante toda a plenária que “isolar salva vidas”.  E acrescentou que a flexibilização deve ser feita de forma controlada, dando um passo pequeno de cada vez, para medir os dados epidemiológicos e recuar, se for necessário. Outro ponto que, segundo ele precisa de total atenção das autoridades sanitárias, é a testagem da população por meio da técnica RT-PCR considerado como o padrão ouro para o diagnóstico da Covid-19.

A superintendente de Redes de Atenção da SES-MG, Karina Oliveira, esclareceu que o Vale do Aço ainda trabalha com a necessidade ampliação de leitos. A capacidade precisa ser aumentada devido ao estrangulamento da rede hospitalar. Ela ressalta que dada a criticidade do momento, a regulação da SES-MG tem pensado o estado de forma regionalizada.

TRABALHO INTENSO

A primeira plenária do Vale do Aço, contou com a participação de municípios chave por meio de conselhos e também de secretarias de saúde, como Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo, Caratinga e Açucena. O presidente do Conselho Municipal de Saúde de Ipatinga, Gleison Pereira Silva, destacou que o Colegiado Regional será fundamental para buscar as melhores alternativas por meio do diálogo para enfrentar a pandemia, bem como fortalecer e defender o Sistema Único de Saúde (SUS). Já o secretário municipal de Saúde de Timóteo, Eduardo Moraes, pode apresentar como estão sendo executadas as ações de enfrentamento na cidade. “As equipes de saúde estão empenhadas em um trabalho intenso, que incluiu a vacinação domiciliar de todos os idosos e de profissionais de saúde, a formação de um comitê de enfrentamento, composto por equipe qualificada, que toma todas as decisões baseadas em evidências epidemiológicas e que o município está habilitando mais 10 leitos no Hospital Vital Brazil, que atende a toda a macrorregião, além da inauguração da UPA que tem ajudado no atendimento local.

Caratinga tem investido no isolamento social da população e em Açucena, a Secretaria Municipal de Saúde estendeu o horário de funcionamento das unidades de saúde, mantendo o funcionamento de 100% do Programa de Saúde da Família (PSF) e Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) e oferecendo visitas domiciliares.

A próxima planária será a da região Noroeste, e está agendada para a próxima segunda-feira, 29 de junho, por videoconferência.

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